"A crise económica e social tem implicações graves e
conhecidas na saúde. É uma omissão lamentável que se perpetue a não antecipação
do impacto esperado na saúde de muitas das decisões financeiras tomadas como
resultado da falta de sistemas de verificação apropriados dos efeitos negativos
da crise", declarou José Manuel Silva. O bastonário falava numa
conferência de imprensa em Lisboa na qual foi apresentada uma carta assinada
pelos presidentes das associações de médicos de Portugal, Espanha, Grécia e
Irlanda. No documento, os médicos consideram que, ao não anteciparem os efeitos
da crise, os Países deixam de conseguir dar uma efectiva resposta atempada aos efeitos
adversos que as dificuldades financeiras provocam.
Os signatários adiantam ainda que os princípios políticos
europeus exigem que todas as políticas públicas adoptadas tenham em conta o
impacto na saúde. "Isto não está a acontecer na Espanha, Grécia, Irlanda e
Portugal". Para o bastonário da Ordem dos Médicos, os Países estão a
tentar curar uma crise com os mesmos males que a provocaram, frisando que os
serviços de saúde públicos não têm as verbas suficientes para o que é
necessário. "Nos últimos dois anos, com a intervenção externa, primeiro
tomam-se decisões de carácter financeiro sem previsão sobre o impacto no
bem-estar das pessoas. Depois, vê-se se a economia cresce e depois sai o carro
vassoura e recolhe os feridos e os que sofreram as consequências da
crise", lamentou. Em Portugal, a carta foi subscrita pelos ex-ministros da
Saúde Paulo Mendo e Maria de Belém Roseira, entre outros.
Fonte: LUSA
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